Wednesday, April 4, 2012











Ontem, Hoje e Amanhã

Ontem foi a inocência e a pureza
Ontem foi o sol, a chuva e o arco-íris
Ontem foi a gargalhada fácil e o chapinhar nas poças de água
Ontem foi a ternura dos primeiros anos
Ontem foi o sonho e a bola colorida

Hoje é o aqui e o agora
Hoje é o amar, o iludir, o esquecer
Hoje é a dúvida, depois a certeza, e mais tarde a decisão
Hoje é o absoluto, o relativo, e por fim apenas a realidade
Hoje é o sentir, o respirar, o viver

Amanhã será um novo sonho de esperança
Amanhã será tudo o que já sonhámos
Amanhã será de novo tudo o que quisermos
Amanhã voltará tudo o que já perdemos

O Amanhã
Será apenas o rascunho de ontem
Que hoje foi passado a limpo


MARA CARVALHO ( PSEUDÓNIMO )

Thursday, January 27, 2011

Após 3 anos de silêncio, regresso e deixo-vos com uma reflexão de Paulo Coelho, escritor de quem tanto gosto.


Sempre é preciso saber
quando uma etapa chega ao final.

Se insistirmos em permanecer nela
mais do que o tempo necessário,
perdemos a alegria e o sentido
das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas,
terminando capítulos, não importa o nome que damos.
O que importa é deixar no passado
os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho?
Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada
desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo
se perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesmo
que não dará mais um passo
enquanto não entender as razões
que levaram certas coisas,
que eram tão importantes e sólidas em sua vida,
serem subitamente transformadas em pó.

Mas tal atitude
será um desgaste imenso para todos:
seus pais, seu marido ou sua esposa,
seus amigos, seus filhos, sua irmã...
Todos estarão encerrando capítulos,
virando a folha, seguindo adiante,
e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo
no presente e no passado,
nem mesmo quando tentamos
entender as coisas que acontecem conosco.

O que passou não voltará:
não podemos ser eternamente meninos,
adolescentes tardios,
filhos que se sentem culpados
ou rancorosos com os pais,
amantes que revivem noite e dia
uma ligação com quem já foi embora
e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam e o melhor que fazemos
é deixar que elas realmente possam ir embora.

Por isso é tão importante
(por mais doloroso que seja!)
destruir recordações,
mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos,
vender ou doar os livros que tem.

Tudo neste mundo visível
é uma manifestação do mundo invisível,
do que está acontecendo em nosso coração
e o desfazer-se de certas lembranças
significa também abrir espaço
para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora.
Soltar.
Desprender-se.
Ninguém está jogando
nesta vida com cartas marcadas.
Portanto, às vezes ganhamos e às vezes perdemos.

Não espere que devolvam algo,
não espere que reconheçam seu esforço,
que descubram seu gênio,
que entendam seu amor.

Pare de ligar sua televisão emocional
e assistir sempre ao mesmo programa,
que mostra como você sofreu com determinada perda:
isso o estará apenas envenenando e nada mais.

Não há nada mais perigoso
que rompimentos amorosos que não são aceites,
promessas de emprego
que não têm data marcada para começar,
decisões que sempre são adiadas
em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo
é preciso terminar o antigo:
diga a si mesmo que o que passou,
jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época
em que podia viver sem aquilo,
sem aquela pessoa...
Nada é insubstituível,
um hábito não é uma necessidade.

Pode parecer óbvio,
pode mesmo ser difícil,
mas é muito importante.

Encerrando ciclos.
Não por causa do orgulho,
por incapacidade, ou por soberba.
Mas porque simplesmente
aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta,
mude o disco,
limpe a casa,
sacuda a poeira.

Deixe de ser quem era,
e se transforme em quem é.

Paulo Coelho

Thursday, December 6, 2007

Com um brilhozinho nos olhos...






Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.
Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa
no mundo não há.

Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente, muito à frente dos bois
ou seja, fizemos promessas
trocamos retratos
trocamos projectos os dois
trocamos de roupa, trocamos de corpo,
trocamos de beijos, tão bom, é tão bom
e com um brilhozinho nos olhos
tocamos guitarra
p'lo menos a julgar pelo som

E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco
passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto
portanto,
Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"
acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados
depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto]
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto]
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de "tête a tête"

E que é que foi que ele disse?
...

E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou
quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou
e olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações
com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões.

E que é que foi que ele disse?
...

Letra e música: Sérgio Godinho
In: 1981,"Canto da Boca"


Monday, December 3, 2007

DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA











Coisificados

Enquanto caminhávamos despreocupadamente pelo caminho de atribuirmos às coisas o valor que apenas devíamos atribuir às pessoas - esperando que a posse delas pudesse satisfazer as ânsias de felicidade dos nossos corações - fomos dando, simultaneamente, passos firmes na direcção de nos considerarmos a nós mesmos como coisas.
Começámos por utilizar outras pessoas para os nossos interesses.
Aos poucos, fomos deixando que certa mentalidade coisificante fosse crescendo em nós e nas nossas estruturas sociais.
À custa de não analisarmos com profundidade essa forma de pensar, à custa de sermos superficiais e frívolos, à custa de omitirmos aquilo que devíamos ter feito, deixámos que ela se colasse por todo o lado.
E o mais preocupante é que ao coisificarmos outros seres humanos, nos coisificamos a nós mesmos. Se virmos os outros como coisas, se deixarmos que essa mentalidade sedimente, nada impedirá que os outros nos vejam a nós... como coisas.
Sendo assim, bem poderemos ir para a rua gritar pelos nossos direitos... Ninguém nos ouvirá! Se não tivermos utilidade para os outros, quem se preocupará com aquilo que somos? Basta ouvirmos um noticiário para tomarmos conhecimento de como cada vez mais há pessoas na rua, em grandes grupos, a clamar pelos seus direitos. Mas tenho a certeza de que a única forma de conseguirmos que nos olhem como pessoas, consiste em olharmos como pessoas aqueles que já começaram a ser tratados como coisas; em defendermos aqueles que não se podem defender e que já quase ninguém defende.
Essa é a única solução. Respeitar a vida humana qualquer que seja o modo de ela se encontrar concretizada. O assunto não admite excepções. Se admitirmos avaliar os mais fracos dos humanos de acordo com critérios de utilidade e conveniência, um dia ninguém poderá ficar de fora.
É preciso que façamos qualquer coisa. E sem demora.

Friday, November 16, 2007

DIA INTERNACIONAL DA TOLERÂNCIA




É através da arte de escutar que o nosso espírito se enche de fé e devoção e que nos tornamos capazes de cultivar a alegria interior e o equilíbrio da mente.
A arte de escutar permite-nos alcançar sabedoria, superando toda ignorância. Então, é vantajoso dedicarmo-nos a ela, mesmo que isto nos custe a vida.
A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância. Se formos capazes de manter a nossa mente constantemente rica através da arte de escutar, não temos o que temer.
Este tipo de riqueza jamais nos será será tirado. Essa é a maior das riquezas.
O aperfeiçoamento da paciência requer a presença de alguém que deliberadamente nos faça mal. Esse tipo de pessoa nos dá a oportunidade de praticarmos a tolerância. A nossa força interior é posta à prova com mais intensidade do que aquela de que o nosso guia espiritual seria capaz. Em essência, o exercício da paciência nos protege da perda da confiança.
DALAI LAMA

Thursday, November 15, 2007

Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa













“A Língua Gestual
é um meio de comunicação essencial para quem vive
no mundo do silêncio”


As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.


Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.


Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar.


Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas de mãos.
E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas.


Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.


Ninguém pode vencer estas espadas:nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967